sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Fwd: Copacabana - sem areia, sol, mar, ilha, calçadão e Copacabana- exercício



 
Copacabana - (sem areia, sol, mar, ilha, calçadão e Copacabana) exercício
 
 
Só a ti

Entardecer com céu rosa e púrpura,
 
mãos dadas que se desvencilham e olhos marejados pois,
 
despedidas são sempre eternas...
 
Especialmente ali, onde a zona sul é quase um subúrbio.
 
Onde o belo e o feio se misturam quase homogeneamente.
 
Onde os limites são tênues.
 
Ou seja, especialmente ali, naquela que para mim sempre será , na voz de meu tio Caio, 
 
"o colar de pérolas do Rio de Janeiro".
 
Monica

As Quatro Estações

Nossos caminhos se cruzaram.

Eu, com os pés descalços.

Você, com uma flor no cabelo.

 

Os caminhos se tornaram um só.

Você, com seu encanto.

Eu, com a minha poesia.

 

O caminho se tornou estreito.

Eu, em busca de um sonho.

Você, de um vestido florido.

 

Seguimos caminhando juntos.

Você, com seus motivos florais.

Eu, sem motivo nenhum.
 
Cristina Lyra

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Vendo a vista

O silenciar do balanço das ondas e o rasante das gaivotas no brilhante espelho d’água indicam que chegamos a um lugar mágico. A fortificação imponente perante nossos olhos enaltecem o seu valor. Pequena enseada de brisa pura e serena. Maravilha dos trópicos estampada feito cartão postal. Beleza prometida. Presente de Deus à cidade do carnaval.

André Tavares

me engana, copacabana

Estava parada naquela esquina havia mais de duas horas. A droga daquele jogo tinha deixado as ruas praticamente vazias. Do alto do seu salto-plataforma,  sacudia a cabeleira negra e escorrida (que chegava quase até a cintura do shortinho cavado de lurex) e batia as pálpebras, tão pesadas, com aqueles cílios postiços de Taiwan, quanto as asas de uma borboleta molhada. Cutucava, impaciente, as longas unhas grená. De vez em quando, deixava escapar um longo suspiro. Quanto tempo ainda teria que ficar ali plantada, a espera de um único trabalho que lhe salvasse a noite?

 

       Estava apertadíssima. Mas detestava aquela estória de ter que mijar em pé, na quina de um canteiro, em plena calçada. Além do mais, desse jeito ficava muito vulnerável... Tentava calcular quanto tempo, aproximadamente, iria levar, naqueles saltões enormes, para dar uma corrida até a lanchonete, a meia quadra dali. E se o Jorjão de repente passasse de carro, justo nesta hora? Imperceptivelmente, pousou a mão no antebraço esquerdo, bem no lugar onde a nódoa ainda amarela de um hematoma dava notícias da sua última discussão com o brutamontes.

 

       Olhou de um lado para o outro da avenida vazia, na qual uns poucos carros passavam em alta velocidade, misturando a fumaça dos canos de descarga ao vento de maresia. Respirou fundo aquele cheiro único, muito seu, e que era, para ela, o melhor perfume. Como gostava daquele lugar! Nunca, nem nos seus momentos mais difíceis, nem nos seus dias mais escuros, tinha pensado na hipótese de sair dali. Nem todas as desilusões que já havia vivido - os golpes de turistas metidos a espertinhos, os erros de cálculo no jogo do amor, as surras da polícia e as porradas do Jorjão – e de tantos outros, antes dele - seriam capazes de fazê-la abandonar aquele pedaço de orla que já considerava como território seu. Ainda se lembrava da primeira vez em que avistara, maravilhada, o semi-círculo a céu aberto, ao mesmo tempo espaçoso e protegido, e do modo como a luz do sol quase a cegara, expandindo-se em todas as direções, refratando-se em todas as superfícies – nas corcovas das ondas incansáveis, no metal veloz dos carros, nos vidros indiferentes e espelhados dos prédios altíssimos.

 

       Agora, depois de tantos anos na batalha, ainda era capaz de encantar-se, outra e outra vez, com o esplendor daquela paisagem.

 

       Estava perdida nesses pensamentos, quando se deu conta de que um Honda Civic, com vidros impenetráveis de insulfilm, estava encostando no meio-fio, bem na sua frente. Sentiu uma breve tonteira de felicidade, imaginando o instante em que  o cliente bonitão (e muito, muito rico) abriria a porta e a convidaria a entrar. Inclinou-se animadamente em direção à janela do carro, fazendo a coreografia habitual: jogar os cabelos para o lado, empinar os peitos para a frente, armar a boquinha sensual. Foi pega de surpresa pelo jato branco, sufocante, brusco, que saía, interminavelmente, da boca de um extintor de incêndio, e acertou em cheio no seu rosto.

 

 

                                                                                                                (Claudia)

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Copacabana


Depois de 60 anos sonhando em revê-la, ele pediu ao seu enfermeiro que o colocasse ao lado de um banco de concreto, e fosse dar uma volta. De costas para os prédios, Hélpio deixou-se levar pela brisa que passava. Suas mãos apertaram os braços da cadeira. Seus lábios se entreabriram em um suspiro. Continua linda.


Alexandra

Grinzane for Africa



“O escritor angolano Ondjaki foi distinguido na última sexta-feira na Etiópia com o prémio literário Grinzane for Africa, na categoria de jovem escritor. Nesta primeira edição do "Grinzane Cavour Literary Prize for Africa" também foram premiados o queniano Ngugi wa Thiong’o e o nigeriano Ben Okri.” (site - África 21)

Parabéns!!!