blog da oficina de escrita criativa do PoloDePensamentoContemporâneo (de 25 de setembro até quando der);
para ideias; debate aberto; sonhos.
(...)
por causa de uma "certa" aeromoça/hospedeira que foi apalpada por um "certo" escritor...
(...)
O mar bate com força nas pedras, a água esverdeada se transforma em espuma branca no movimento ritmado das ondas.
O dia está cinzento e úmido.
Pode –se sentir o cheiro de chuva no ar mas, não chove.
O mirante do Leblon é lindo, mesmo com todo cinza em volta. O contraste dos dois cinzas no horizonte, o contraste dos cinzas dos prédios com o cinza das ruas...
O ritmo da mar quebrando nas pedras acompanha a canção – Spirit dos Water boys – que toca dentro de um carro de porta aberta. Ninguém dentro, o homem desceu do carro.
A vida tem estado ruim ultimamente, nada demais...Como as ondas as tristezas vem e vão...
O homem saiu para caminhar e agora olha o mar, quebrando nas rochas. Está tudo cinza...mas, vai melhorar.
Tudo passa, às vezes só demora muito.
A música o envolve e as batidas hipnotizam o mar e o fazem acompanhar a guitarra , ou são as ondas que ditam o ritmo de spirit ?
O homem, trajando bermuda camisa polo e chinelo, desce lentamente pelas pedras, pára, ainda muito distante do mar, tira os chinelos e...
Há uma semana estava mergulhado naquele ambiente bucólico: um chalé no alto de uma colina perdido em uma região litorânea deslumbrante. Lá encontraria "paz, sossego e um pouco de inspiração". Palavras do seu editor.
Estava no seu segundo romance. O primeiro tinha saído sem sentir. Apenas deu asas à imaginação, mesclou alguns fatos cotidianos e só. Menos de dois anos depois se tornou um best seller. E cada capítulo, cada página, cada parágrafo fora produzido naquele cubículo em que morava no subúrbio. Nada dessas baboseiras de gaivota à beira-mar, paz interior. Foi lá, fez e ponto!
Mas agora estava ali, preso a toda aquela parafernália de escritor famoso: isolamento absoluto, uma máquina de escrever elétrica, milhares de folhas em branco e um contrato. Ah, o maldito contrato. Ele lembrava a cada minuto que de fato teria que produzir alguma coisa e isso, com toda certeza, era o motivo das primeiras noites mal dormidas.
Naquele dia, após o cair do sol, procurou executar o mesmo ritual dos últimos dias: respirou fundo, preparou um copo de uísque com duas pedras de gelo, deu uma, duas goladas bem dadas. Puxou a cadeira em frente a tal máquina... Mas a alvura do papel, aquelas teclas vazias, aquela brisa marítima o deixavam inseguro. Levantou, leu e releu suas anotações, seus rascunhos e voltou. Sorveu o resto do copo. Perdeu a paciência.
Mas que diabos! Sabia qual era o problema. Não precisava de concentração, de sensibilidade. Era um romance policial que aconteceria na cidade. Não precisava de grilo, sapinho, coruja! Queria sirenes, buzinas, multidão. Queria o pé-sujo da esquina! Tinha que estar inserido no contexto. Precisava do frenesi urbano.
Levantou-se e foi até a estante espiar os livros que haviam na casa para espairecer. Auto-ajuda, Paulo Coelho, Ernest Hemingway, Bukowski, mas uma penca de best Sellers que não eram seus... Encontrou uma coleção de LPs. Pescou um do Pink Floyd e colocou no toca-discos no volume mais alto que podia. Apesar de estar meio arranhado, a música surtiu um efeito adoravelmente calmante. Os primeiros acordes cortaram o silêncio de forma estridente. Aos poucos foi relaxando. O uísque também já fazia efeito. Voltou para máquina decidido.
Começou a dedilhá-la pelo simples prazer de escutar seu som. Quanto mais forte era o compasso da música, mais forte batia nas teclas. Aquele batucar compulsivo foi num crescente que já quase as espancava. O som ritmado, a mistura dos graves com os agudos..., toda aquela sonoridade epilética trazia a inspiração que realmente precisava. As idéias foram surgindo, fluindo. A noite foi passando... Repetiu as músicas até não poder mais. Perdeu mais uma noite de sono. Terminou a garrafa de uísque e o livro em menos de 12 horas.
O sal rachava os lábios rúbidos de Marina. Cada sopro do vento hostil levantava o vestido rasgado e desnudava suas coxas anêmicas. Marina permanecia inerte, com os pés dormentes afundando na areia e olhar fixo na ilha em forma de baleia. As gotas d’água que saltavam do mar encontravam seu rosto sardento e escorriam em direção à sua boca, confundindo-se desgostosas com as lágrimas salgadas.
No início do crepúsculo, o dedão do pé direito descobriu as costas lisas de uma concha e empregou-lhe uma massagem letárgica. Enquanto isso, a maré enchia apressada e a canela de Marina desaparecia progressivamente na areia encharcada a cada refluxo do mar verde, cor de limonada. Os movimentos de seu corpo carnudo resumiam-se a inclinações dos olhos vermelhos que agora testemunhavam o soterramento de uma comunidade de tatuís.
A lua cheia mirou intrigada a imersão das coxas enquanto o oceano, faminto, lambia as dobras da bunda voluptuosa de Marina. Um carangueijo que passava por ali estranhou a estagnação apática da moça e decidiu provocá-la, investindo bruscamente na direção dos mamilos pontudos, como se ameaçasse beliscá-los com suas mãos de alicate. Nenhuma reação. O carangueijo deixou-se levar por uma marola e flutuou magoado. Sentia-se imprestável, invisível.
Marina já podia sentir a areia entre os dentes quando o odor de peixe, água e sal penetrou suas narinas e enviou a mensagem de transe para as profundezas do cérebro. Quando amanheceu, a praia estava deserta.
Por José Dantas (ao som da sofrível "Goodbye my lover", de James Blunt)
Quando foram apresentados, ele fez uma piada, esperando ser apreciado. Ela riu extremamente forte, esperando ser apreciada. Depois, cada um voltou para casa sozinho em seu carro, olhando direto para frente, com a mesma contração no rosto. O homem que apresentou os dois não gostava muito de nenhum deles, embora agisse como se gostasse, ansioso como estava para conservar boas relações a todo momento. Nunca se sabe, afinal, não é mesmo não é mesmo não é mesmo.
... três patetas... o Pateta da Disney (dos quadrinhos que não lia).
Me sinto patética...
Mas acho que todos tem um ar patético.
E isso é preocupante...
Onde estão os seres brilhantes?
Senhores de si, espelhos meus...
Pedra pateta.
Mar pateta.
Não!
Tenho respeito pela natureza!
Não posso dizer isso...
- Mas não respeita sua própria essência natural?
Sei lá... chicote só em mim e nos homens dos espelhos sociais...
- Então Deus é pateta?
Não... só se eu fosse cristã.
- Por quê? I didn't get it...
Pois é a imagem e semelhança do homem, ou o inverso, mas é isso.
- E seu Deus? O que é?
Não é... vai sendo...
- Novamente pedindo explicações... no mínimo razoáveis...
Aí está o problema, não tenho o que explicar nesse sentido... ou não há sentido nesse explicar. Como queira.
- Você é confusa...
Sou simples de tão complexa, acho.
- Como Deus?
É, como Deus...
- Então você é patética... Você e seu Deus.
Pois é, eu e meu Deus.
***
Acho que esses sonhos não me abandonam pra me lembrar da fonte onde bebi com os anos... Fantasmas circulam meus sonos... Dançam enquanto eu, criança, procuro uma guloseima qualquer que me faça feliz.
- Não está você feliz agora?
Como poderia? Nem gosto mais de doces...
São amargos, ou enjoam facilmente...
Mas os fantasmas querem tudo de novo... Me convidam para uma dança de canções uníssonas entre o que passou e o que virá...
Um lobo à espreita...
Pobre lobo... Não sabe que não se toca (come) fantasmas?
- O lobo é você?
Como ousa? Não sou fantasma... e assim você me toca (mexe)... Pois no presente é que podemos sentir tudo... o futuro é dúvida certa e o passado certeza duvidosa...
Mas o agora é sabor, saber, tocar, querer (ou não)...
- Será por isso que os sonhos enquanto acontecem parecem tão reais? Por serem presentes?
É mesmo, não tinha parado pra pensar nisso...
Como tudo o que passou em nossas vidas, fica a lembrança, às vezes falha, de algo que não se sabe ao certo se existiu (aconteceu).
- Dizem que podemos construir nosso futuro, no presente...
Será que podemos construir nossos próprios sonhos?
Tomara... até acredito... pois quero sonhar melhor...
E me entender com os fantasmas do medo.
-E voltar a apreciar guloseimas?
(meio sorriso)
***
Artistas do mundo
Saber ver o belo...
Isso é arte.
Saber ver o belo!
De tudo.
- Em que pensavas, cara amiga do meu viver?
Numa fonte escondida... Talvez esteja mais perto do que imagino, talvez a encontre em breve...
- Mas o que tem essa fonte?
Alegria... das mais raras e perseguidas... É ouro, meu caro. É ouro...
- Onde pensas começar a procurar? Tens um mapa?
Ora se tenho... À noite quando me deito, me deito com as estrelas. E elas sussurram em meus ouvidos estranhas canções familiares...
Creio estar no caminho certo, voando alto com as estrelas...
- Desculpe, sei que não gostas de "ousadias" alheias, mas não estaria tal ouro o tempo todo diante de sua fuça?
Você é abusado mesmo... e conheço essa história, de procurar dentro de mim, dentro de mim está a felicidade, toda aquela que preciso... So obvious...
Mas prefiro pensar no contato, pois sem ele nada somos ou sabemos do que somos...
- Contato? Você gosta de viajar mesmo, sem falar que vê filmes demais... Jodie Foster, não é?
(Risos)... Nem tanto, durmo na maioria das vezes que tento assistir a filmes, pois estou ausente, não quero me envolver na história, e fico me prendendo ao que passou e ao que virá...
- Mas e o contato?
Falamos de Deus, daquilo que é sagrado em toda a existência humana... da busca por si, por algo ou por alguém. Do contato que perdemos com o tempo e toda essa pressa de chegar primeiro que a morte.
Já reparou como os homens correm contra o tempo, numa famigerada competição para ultrapassar o inevitável?
Chegar primeiro que a morte e dizer: "Ahá! seu tempo acabou, agora sou senhor do universo!"
Lembrei de Gilgamesh... e tantos outros...
- Na verdade, então, não me parece que queiram que o tempo pare, mas que não pare nunca, e se estenda por toda a eternidade... Mas "ao mesmo tempo" parece que não suportam a vida com tanto tempo. Não suportam o presente, não acha?
Presente? Vida? É, a vida é um presente...
Sempre tive dificuldades em receber presentes, nunca achei que merecia, não sabia o que fazer com eles ou comigo diante deles...
- E eu sempre achei que deveria fazer algo em troca, era como um trato virtual onde pagaria mais tarde...
Que pensamentozinho cristão, querido!
Mas acho que isso responde sua própria questão. Há muito medo de viver. Mais do que morrer.
E pouco contato...
Muito pouco de Deus.
***
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As luzes da 24 de Maio deixam o ar agradavelmente triste e alaranjado, como se o mundo fosse um enorme copo de Cebion. Vejo até as bolhas, flutuando no ar, misturadas entre a memória do seu rosto sorrindo e as gotas de chuva.
Cometi um começo de romance, quem quiser continuar (e julgar que vale a pena) que baixe o PDF ilustrado no link abaixo (e aproveite para visitar meu recém-parido blog). abraços Julio
Segue trecho da oficina de contos dada por José Castelo no Portal literal. Quem se interessar, pode encontrar as dez aulas na íntegra no http://portalliteral.terra.com.br
“Diz o dicionário que o conto é uma narrativa breve e concisa, que apresenta unidade dramática e tem a ação concentrada em um único ponto de interesse. A definição sintetiza as idéias mais comuns que cercam, como velhas superstições, o conceito de conto. Não traz uma regra, uma norma, não é um dogma: mas é, ainda assim, um bom ponto de partida. E, como todo ponto de partida, existe não para que nele estacionemos, mas para que o superemos.
A palavra conto vem de "conputus", do latim, que, entre outros significados, guarda o sentido de "cálculo". De fato, na arte de escrever contos existe muito de perícia, de busca de rigor e precisão, de luta contra o excesso e o supérfluo. É claro, cada autor estabelece seus próprios objetivos, fixa suas próprias fronteiras e lida com suas próprias idéias a respeito do que escreve. Os contos de Machado de Assis, como "A cartomante", ou "A mulher de preto", não se parecem com um conto célebre do argentino Júlio Cortázar, como "O perseguidor". Ambos se distanciam muito de uma fábula de Esopo, como "A raposa e as uvas", dos relatos de Charles Perrault, como "O barba azul", e também de qualquer uma das cem narrativas guardadas no Decamerão, de Boccaccio. Ainda assim, todos costumam ser chamados, genericamente, de contos.”
Um copo alto com muito gelo e whisky. Gotas escorrem pelo corpo invisível preso na mão do homem encostado ao bar. Os olhos embaçados procuram cativos ao ritmo frenético do lugar. Ela não virá. E a bebida desce afiada, certa de que aplacará a chama que consome seu coração.
Alexandra
- Será que ele vêm? Era só pensava enquanto ouvia o tictac. - E agora? Quanto tempo leva até tudo ir pelos ares?
Drix.
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No espelho era eu, em cada novo fio branco, em cada nova linha decrescente. se bem que... até que posso chamar de belas essas marcas do tempo. Mas... será que meu espelho também vai achar isso? Será que por muito mais tempo?
Drix.
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Me rasgo pela dor Angústia desse viver Dessa dor da vida Dor de nascer, dor de morrer Mas agora me rasgo e dôo por essa dor e gozo de Amor...
Amor. Cadê você?
...
Drix.
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O cheiro era doce, lembrava a infância e os domingos na casa de meus avós. As histórias de terror e paranormalidade ficavam ali escondidas, impregnadas naqueles velhos vestidos pendurados... Mas não era cheiro de velho que tinha, estranho... era só cheiro doce, cheiro de saudade.
Drix.
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Solte minha garganta, peço uma vez mais. Pois sufoco só, todas as vezes que só me sinto. E no grito esganado me descubro me desnudo. Sou.
Drix.
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Outrora era eu Ainda eu... embaçada tremida No desgaste de meu tempo me turvo mais um pouco... e a vida, ela Pulsa.
Drix
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Um filme. Na câmara lenta das lembranças. Nas cores recoloridas do que já não será. A mesma nota que se estende sinuosa como um certo caminho. Um torto caminho. Um só caminho. Num cinema que é escuro no centro deste dia. Um só lugar na platéia, a mesma projeção. Um só segundo e o tempo pára. Um só. Um que se assiste em vultos, em rastros. Se atravessa com as mãos opacas esticadas, sem alcançar as recores. Assiste. Numa hora o tempo passa. Está de passagem. E o espectro acústico se eleva num agudo oxítono. No som novo da própria voz, que prefere os silêncios, que gosta dos vultos, que coleciona os segundos, que assiste ao tempo passar. C.