Uma homenagem aos que tem os pés ensaboados a 1 da manhã
- Garçom, o bar vai fechar e carioca depois das dez não tem relógio. Eu sei, Garçom. A patroa tá te esperando, o patrão tá de cara feia, depois da quinta saideira o cliente quer fazer amizade, teus pés já incharam, tudo isso é verdade. Mas Garçom, não joga água com omo assim que vai estragar as minhas sandálias, Garçom. A gente não tem tanta intimidade.
- Garçom, eu sei que quem te paga o pão é o alcoolismo da minha geração, mas veja bem, não precisa sair trocando a tulipa no meio, sempre com colarinho, o copo cheio, que a gente vai perdendo a conta e a concentração. Fica tranqüilo que na hora de fechar a gente paga os 219 chopps que você cobrar. Mas, hein, garçom, deixa com a gente a iniciativa de se embriagar.
- Garçom, eu tenho um negócio contigo, uma ternura de alma, um troço de olhar nos olhos, uma coisa como que de coração. Mas olha só, Garçom, não me pede assim, no meio do expediente pra mudar de mesa, que meus ânimos já se acomodaram, não tenho tanta destreza. Logo eu, Garçom? Só porque um grupo de 8 vai chegar? Não, Garçom, meu grupo é de um mas eu costumo demorar.
- Garçom, muitos rostos para decorar, entendo. Mas por favor, sorria quando me vir chegar. Seria bom poder pedir o de sempre, a gente freguês sente, Garçom. Juro que na hora da gorjeta teu elogio vai estar lá.
- Garçom, só mais uma coisa... no final, Garçom, faz-de-conta que você não me viu sair daqui tonta que daqui a pouco o sol desponta e o pessoal pode falar.
C.
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