Ela nascia no meio da cabeça, no cocuruto, e abria uma picada pelo cabelo, cortando caminho em direção à testa, onde fazia uma curva pequena e caminhava como uma cobra costurada na pele, passeando pelo olho esquerdo esbranquiçado. Logo abaixo, morria. Quando nasci, a cicatriz já existia e, se um dia eu visse o rosto do meu pai sem ela, acho que nem o reconheceria.
Não sei que processo causou esse efeito, mas hoje em dia, homem para mim tem que ter cicatriz na cara. Foi por isso. Naquele dia, o Rogerinho estava tão próximo e amável, tão entregue, que quase desisti. Mas foi mais forte que eu. Angustiada, pedi desculpas já com a navalha na mão e fiz dele um homem de verdade.
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